quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

TRABALHO SUJO (2009), DE CHRISTINE JEFFS





Interessante notar que certos temas parecem se reciclar de tempos em tempos e ganhando novas maneiras de serem abordados. Pessoas que não decolam na vida e acabam se submetendo a serviços rejeitados pela maioria das pessoas não são novidade no cinema, mas é um tema que sempre se recicla e gera filmes originais, como esse "Trabalho Sujo" da diretora Chrsitine Jeffs. Aqui o foco vai para uma faxineira (Amy Adams) que, ao ver seu filho expulso da escola privada onde estuda e com receio de ter que matriculá-lo numa escola pública (e tem gente que acha que isso só tem aqui no Brasil), resolve aceitar um serviço bastante indigesto: limpar sujeiras de sangue e pedaços de cadáver dos locais onde os crimes aconteceram. Para tanto ela recruta ajuda da irmã desajustada (Emily Blunt) para a empreitada. E lá vão as duas atrapalhadas encarar sangue, tripas e mau cheiro em vários cantos da cidade, com a missão de deixar tudo limpinho e tinindo.

O grande mérito desse filme foi naturalizar a situação, sem apelar para clichês fáceis, conseguindo um resultado positivo na maioria do tempo, principalmente na primeira vez que elas tem que encarar o serviço, na que acredito, ser a melhor cena do filme, bastante crua e forte. Esse filme se equilibra entre o drama e a comédia e, se não fosse pela meia hora final, que cai no estilo novelão, seria um ótimo filme, embora no final os acertos superem os erros. A diretora Christine Jeffs, do interessante "Sylvia - Paixão Além das Palavras" agora sai um pouco do clima intimista e investe em um filme mais realista, com bons resultados. Seu estilo de direção é bastante interessante, pois tirou da razoável Amy Adams uma boa atuação e deixou a ótima Emily Blunt ainda melhor. Mas o melhor em cena é o veterano Alan Arkin, que chama toda a atenção pra si atuando como o pai das duas, num estilo falastrão e sonhador, que mais promete do que cumpre de fato e quase sempre se ferra no final.

Esse filme é recomendado especialmente pra quem gosta de temas diferentes e fora do convencional. Não é um filme definitivo e nem é clássico, mas vale duas horas de atenção, especialmente pra conferir o talento de uma diretora sensível e de um elenco afiado, em sintonia com um tema ao mesmo tempo macabro e redentor.

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