quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AS MELHORES COISAS DO MUNDO (2010), DE LAÍS BODANZKY




Se tem uma coisa que chama a atenção no cinema de Laís Bodanzky é justamente o fato de saber falar sobre a realidade de maneira simples, objetiva e sem apelar para os clichês do chamado "cinema cabeça" tão presentes em nosso cinema. Dito isso, o filme "As melhores coisas do mundo" é um passatempo divertido, que funcionaria como uma ótima sessão da tarde não fosse pelos poucos palavrões que são ditos (nada apelativo, apenas realista e condizente com o seu público). A história gira em torno do jovem Mano (Francisco Miguez), que tem o mundo virado de cabeça para baixo quando sabe que seus pais (José Carlos Machado e Denise Fraga, ótimos!)vão se divorciar. Sua situação se complica ainda mais quando ele descobre que o pai não trocou a mãe por UMA amante e sim por UM amante (Gustavo Machado). Pra variar ele tem que aguentar os devaneios do irmão mais velho, o sonhador Pedro (Fiuk), cujo talento para as artes acaba ofuscado diante do desespero e da obsessão dele pela namorada (Sophia Gryschek), que sente cada vez mais sufocada. E, pra encerrar, ele ainda tem os problemas típicos de um adolescente como garotas, encrencas e um ideal a buscar.

O filme tinha absolutamente tudo para se tornar intelectualóide, repetitivo e cansativo, mas a talentosa Laís sabe fazer cinema inteligente e acessível (como já demonstrou em seus longas anteriores, os ótimos "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de Saudade") e entregou um filme para adolescentes, mas que os adultos podem assistir numa boa e se identificarem com algumas das situações vividas pelos personagens, como a perda da virgindade, a amiga que se apaixona pelo professor, o irmão rebelde sem causa, o professor de música que ensina sobre "viver a vida intensamente" ou o primeiro amor, que muitas vezes está bem perto. O filme tem boas participações de Caio Blat e Paulo Vilhena e a trilha sonora é focada em clássicos do rock, o que o torna bem agradável. O final é previsível - ainda bem - pois é do tipo que você pelo final esperado. Além disso, vale destacar o talento fantástico de Laís em dirigir atores, obtendo deles desempenhos muito acima da média, fazendo até o insosso Fiuk atuar de maneira convincente. O filme não foi um fracasso nos cinemas, mas merecia muito mais público. Quem sabe isso não pode ser mudado no DVD? Assista, vale a pena! É mais um grande trabalho de uma das melhores e mais promissoras cineastas da América Latina. Muito recomendado!